quarta-feira, 14 de março de 2012

Hecatombe de Garanhuns-PE





Já tinha ouvido falar sobre a hecatombe de Garanhuns, porém não tinha pesquisado nada em relação a isso. Porém decidi pesquisa e encontrei essa matéria do Blog http://terradomagano.blogspot.com, por esta muito esclarecedora não pode deixar de postar ela no meu blog.

A Hecatombe de Garanhuns


Antecedentes políticos:
Desde os anos de 1895 a ala política dominante em Garanhuns era liderada pela família Jardim. No início, pelo Dr. Luis Afonso de Oliveira Jardim . Depois da morte de Luiz Jardim, o seu irmão, o professor Manuel Jardim assumiu a liderança.


A ala opositora, inicialmente, era liderada pelo Dr. Severiano do Rego Chaves Peixoto.


Neste período, o legistalivo denominava-se Conselho Municipal e era composto de 9 membros. O Executivo era formado por Prefeito e Subprefeito. Todos com mandato de três anos.


O governo dos Jardins abrangia um grupo fechado, que tinha por base, os parentes, os aderentes e agregados com relações de dependência consanguínea, material e moral.


Luiz Jardim era acusado de muitos crimes e governou com mão de ferro a política garanhuense. Morreu em 1905, dizem que de desgosto por haver sido indiciado num processo crime pelo Superior Tribunal de Justiça de Pernambuco.


Foi por determinação de Luiz Jardim que se construiu o "estado-maior" da cadeia pública de Garanhuns, a fim de poder deter legalmente seus adversários políticos que tinham postos na oficialidade da Guarda Nacional.


Manoel Jardim, porém, era homem bom, cheio de escrúpulos. Entre 1895 e 1911 foi sempre eleito deputado estadual, sendo prefeito de Garanhuns por mais de uma vez. Homem honesto, quando da sua morte, deixou para os órfãos apenas a pensão que recebia do Estado como Professor.


Até meados de 1911 a oposição aos Jardins era quase inativa. Houve pleitos eleitorais em que a oposição sequer apresentou candidatos.


Mas, a partir de 1907, alguns acontecimentos marcaram o início do declínio do Jardinismo em Garanhuns.


O prefeito eleito no pleito de 1907, o Comendador Manoel Clemente da Costa Santos não fez uma boa administração e a maneira como se conduziu touxe prejuízos ao partido e concorreu para seu enfraquecimento. Faltando um ano para o término do mandato ele renunciou e assumiu, em seu lugar, o subprefeito Manoel Quirino dos Santos, que concluiu o período de governo.


Mesmo assim, os Jardins triunfaram nas eleições de 1910 e elegeram o candidato Antonio Izaac de Macedo. Mas, este prefeito também renunciou o mandato pouco depois de assumir o cargo.


Em 1911, aconteceram novas eleições e os Jardins triunfaram novamente e elegendo para Prefeito o Coronel Argemiro Tavares de Miranda.


Argemiro Miranda realizou uma boa administração mas também renunciou antes de concluir o mandato. A renúncia foi motivada pelo resultado das eleições do governo de Pernambuco. O grupo dos Jardins apoiava o general Rosa e Silva, mas o governador eleito foi o general Dantas Barreto. Com a perda do apoio político de Rosa e Silva, Argemiro preferiu retirar-se da política.


Estes acontecimentos pioraram a crise do situacionismo e determinaram o declínio do Jardinismo em Garanhuns, dando lugar ao fortalecimento de outra ala que tinha a frente o Coronel Júlio Eutímio da Silva Brasileiro, o qual venceu as eleições para prefeito em 1912.


Júlio Brasileiro era um fidalgo rural, educado, fazia amigos com grandes facilidades, parecia contrário a violência, mas, tolerava os abusos e fazia vistas grossas aos excessos dos parentes e correligionários. A sua liderança política era marcada pelo apoio e proteção aos amigos, ameaças aos indecisos e vacilantes, combate impiedoso aos adversários.
Júlio Brasileiro assumiu a liderança política em Garanhuns praticamente sem oposição. Mas, em meados de 1916, o prefeito de Garanhuns, Francisco Vieira dos Santos, rompeu com Júlio Brasileiro, e recebeu o apoio de Rocha Carvalho e de Borba Júnior, dois médicos de prestígio, além do apoio de comerciantes e industriais como Sátiro Ivo, Antonio Marques Café, Antonio Pereira dos Santos, Antonio Ivo, etc.


Os Jardins deram apoio aos dissidentes, organizaram a oposição, e apresentaram candidatos a cargos eletivos. (10.07.1916). Sendo, Dr. José da Rocha Carvalho para prefeito e Dr. Antonio Borba Júnior para Subprefeito.


A ala dominante vendo na pessoa destes candidatos um perigo à vitória, lançou para prefeito o seu próprio líder, o Coronel Julio Brasileiro que a esta altura era deputado estadual. O Coronel teve uma vitória retumbante, mas as eleições foram anuladas, por que no Diário de Pernambuco foi denunciado que o Coronel havia tirado títulos em duplicata para que os eleitores votassem mais de uma vez em seções diferentes. Novas eleições foram realizadas e apenas o Coronel Júlio Brasileiro concorreu. O Coronel não chegou a assumir a prefeitura por que foi assassinado antes da contagem dos votos.


O assassinato do Cel. Júlio Brasileiro foi a causa da hecatombe que enlutou a cidade de Garanhuns.


Sales Vila Nova
Francisco de Sales Vila Nova Melo, natural de Bonito/PE, chegou a Garanhuns em 1874, com dois anos de idade. Mais tarde, tornou-se Capitão da Guarda Nacional e ingressou na política, ocupando vários cargos públicos.


Era tido como homem pacato, mas, irrequieto. Não policiava o que dizia. Divulgava tudo, em sussuros ou mesmo às claras, nas esquinas,nos bilhares, nas mesas de bar. Era, por índole um questionador nato, um homem do contra.


Envolvia-se em causas sociais beneficentes e foi o fundador da Sociedade mortuária em Garanhuns.


A sociedade mortuária foi algo muito importante para os pobres. Em Garanhuns, os cadáveres de indigentes eram conduzidos para o cemitério em redes, giraus, ou mesmo arrastados por populares que eram constrangidos pela polícia para fazê-lo.


Escandalizado com o modo brutal da condução do cadáver de um preto velho, indigente, para o cemitério, Sales reuniu alguns amigos e fundou a sociedade mortuária, em setembro de 1906.


Durante o Natal, Sales Vila Nova conseguia grande número de doações, armava uma árvore e destribuia presentes para as crianças pobres.


Generoso, fundou um abrigo para recolher os retirantes que fugiam periodicamente da seca.


Revoltado com as injustiças dos poderosos contra os fracos, denunciava, por meios de artigos publicados nos jornais da Capital , o abuso das autoridades constituídas, partissem de onde partissem os abusos. O Capitão assinava seus artigos com o pseudônimo de " O Inspetor".


Sales Vila Nova era correligionário do professor Manoel Jardim. Mas também, era compadre e amigo do Coronel Júlio Brasileiro.


Desentendimentos com a família Brasileiro
Os fato que vão desencandear os desentendimentos entre a família Brasileiro e o capitão Sales são protagonizados pelo comportamento de familiares do Deputado. Especialmente por Eutíquio Brasileiro, rapaz solteiro, moço e elegante, irmão mais novo do deputado Júlio Brasileiro.


Eutíquio morava em Palmares. Tudo indica que devido aos desregramentos do moço , a família o enviou para Garanhuns para estar sob as vistas do irmão mais velho a quem devia temor e respeito, pelo menos era isso que se supunha.


Também , moravam em Garanhuns dois sobrinhos do Coronel Julio Brasileiro: Álvaro Brasileiro Viana e o Capitão Antonio Pais da Silva Rosa Filho, este era subdelegado de polícia. Eram bem vistos em Garanhuns por serem envolvidos com projetos culturais e de diversão. Fundaram a Arcádia Dramática, o Núcleo Dramático e O Recreio Familiar Garanhuense. Mas, com a vinda do tio Eutíquio, passaram a ter atitudes reprováveis e faziam vistas grossas para os desmandos do tio.


O Capitão Sales Vila Nova censurava, através de artigos na imprensa, o subdelegado capitão Antonio Rosa por não estar cumprindo com o dever e não tomar nenhuma medida para coibir as irregularidades praticadas por Eutíquio, Álvaro Viana e outros protegidos do Coronel.


As denúncias se referiam à surras, invasão de terras, recusa em pagar dívidas com ameaças e violência aos credores, estupro de crianças, corrupção do tribunal de júri, etc.

Contrariados com as acusações Eutíquio, Álvaro e Antonio Rosa intimaram o Capitão Sales a parar com aqueles artigos, sob pena de lhe aplicarem uma surra de cipó de boi que era o instrumento de castigo mais aviltante da época.

Não dando ouvidos, o Capitão Sales escreveu novo artigo, desta vez, apelando para o Coronel Júlio Brasileiro a fim de que ele tomasse providências e responsabilizando-o por qualquer mal que lhe viesse acontecer.

No dia 12 de janeiro de 1917, ás 22 horas de uma sexta-feira, quando se dirigia para sua residência, na atual rua Cabo Cobrinha, o capitão foi agarrado e dominado por seis indivíduos mascarados que impiedosamente o surraram.


No domingo, o Capitão viajou com destino a Recife a fim de se encontrar com o Coronel Júlio Brasileiro. Encontrou-o no Café Chile junto ao Edifício do Diário de Pernambuco. De revólver em punho, aproximou-se e disparou vários tiros no Coronel e evadiu-se em seguida, tendo a fuga sido interceptada por populares e pela polícia que o conduziu para o quartel na rua do Imperador onde ficou detido com as regalias a que tinha direito por ser um Oficial da Guarda Nacional.


O Deputado, cambaleante, dirigiu-se ao Hotel Lusitano e caiu na calçada, falecendo poucos minutos depois.


Os envolvidos:
Na segunda-feira, pela manhã a família Brasileiro recebeu o telegrama que comunicava a morte de Julio. A viúva, Ana Duperon declarou que não derramaria uma só lágrima pelo seu marido enquanto não fosse vingada a sua morte.

Os membros da família Brasileiro colocaram a idéia fixa de que o Capitão teria sido um instrumento dos adversários do chefe da família, pois, pacato do jeito que era, jamais cometeria um ato daqueles, mesmo tendo levado uma surra.

Telegrafaram, então, para Alfredo Brasileiro (Doca Viana), um irmão de Álvaro Viana que morava em Brejão na fazenda do Deputado e pediram que ele viesse acompanhado de homens armados. Reuniram ainda, vários desordeiros e capangas que armados de rifles se dirigiram a casa comercial dos irmãos Julio e Argemiro Tavares de Miranda, que avisados, fecharam o estabelecimento e se esconderam. Os atacantes fizeram vários disparos nas portas do estabelecimento. Dali, partiram em direção a casa comercial do Major Sátiro Ivo da Silva que fechou as portas e ficou lá dentro. Gritando palavras injuriosas e de baixo calão, os meliantes convidavam Satiro Ivo a sair para a rua.

José Lins Cavalcanti, primo de Álvaro Viana e guarda-livros da firma comercial de Sátiro Ivo, chegando ali, convenceu-os de que o Major havia fugido pela porta traseira juntamente com os empregados. A horda dali se retirou e dirigiu-se para a casa do médico Dr. Borba Júnior. O médico é agredido na cabeça com uma caçarola pelo cangaceiro Joaquim Paidégua e sangrando, é levado para a cadeia pública , tudo sob a liderança do sub delegado Antonio Rosa.

O Major Sátiro Ivo envia um emissário com um cartão endereçado ao Tenente Antonio de Pádua Pimentel Meira Lima , delegado de polícia do Município pedindo garantia de vida. O Tenente responde não lhe ser possível dar qualquer garantia de vida a Sátiro Ivo, pois era muito reduzido o número de soldados dodestacamento, nada podendo fazer contra "aquela cabroeira" julgando aconselhável que ele fugisse ou se escondesse em lugar seguro.

Sátiro Ivo resolve se esconder na residência de sua mãe num local onde havia muito cilos que armazenavam Cereais. Um esconderijo que em último caso serviria de boa trincheira.

O delegado depois de receber o cartão de Sátiro Ivo dirige-se a residência da viuva do Coronel Brasileiro, lá encontra o Juiz de Direito da Comarca Dr. José Pedro de Abreu e Lima e também Antonio Padilha, um oficial reformado e amigo íntimo da família que, persuadidos ou não, acabavam de consertar com a família do morto os planos para a vingança.

Exposto o plano ao tenente- delegado ele não quis concordar porém ante os meios de persuassão apresentados pelos presentes acabou concordando e tratou logo de pô-lo em execução.


O Plano:

Dada a dificuldade de serem assassinados todos que a família brasileiro desejava, por se haverem escondido; Além disso, havia pouco tempo, pois o trem deveria trazer um reforço de soldados.
O plano era que o delegado deveria aconselhar às famílias das vítimas que se recolhessem á cadeia pública, assumindo ele a responsabilidade de garantir-lhes a vida, e com a chegada do reforço, tudo se acalmaria e os garantidos poderiam regressar incólumes ás suas residências.
Porém, quando todos lá estivessem a cadeia seria atacada sem defesa, pois, imaginavam eles, que a guarda composta apenas de quatro soldados e um cabo, intimados por um número muito maior de cangaceiros, se renderia facilmente. O tenente, além disso, deveria tirar grande parte de munição da cadeia para enfraquecer a guarda, no caso de qualquer resistencia por parte dela.
O Tenente foi até a cadeia, retirou a munição e avisou ao Cabo comandante da guarda que desse valimento a todos aqueles que o procurassem e os recolhesse a prisão, porém, sem armas.
Em seguida, procurou o Português Manoel Bento Dantas que escondia em sua residência os irmãos Tavares de Miranda e convenceu o português de que os Mirandas estariam mais seguros na cadeia e que tirá-los de sua residencia seria uma maneira de garantir sua própria segurança e da sua família.
Posteriormente, o delegado convenceu ao professor Manoel Jardim e ao Tenente-coronel Francisco Veloso da Silveira, por sinal, seus cunhados a se refugiarem na cadeia, e persuadiu a esposa do Major Sátiro Ivo a convencer o marido a sair de seu esconderijo tão seguro.

Recolhidos todos a cadeia , o tenente Meira-Lima havia desempenhado a contento a sua parte nas traiçoeiras maquinações.

O Padre Benigno Lira empregou todos os seus esforços como sacerdote e como amigo da família, no sentido de evitar a catástrofe.
Alguns familiares do Coronel até já haviam prometido ao Padre que não executariam a terrível vingança e tudo indica que estavam inclinados a cumprir a promessa.
Mas, estimulados por Agostinho Jorge da Costa (Jorge Vaz), amigo da família que acompanhado de um grupo de oito ou nove cangaceiros colocou-se á disposição da família, resolveram, então dar seguimento ao terrível plano.

Padilha, um tenente reformado encarregou-se da estratégia para invadir a cadeia e o Cangaceiro Vicentão assumiu o comando do Bando. A recomendação é que somente quando se esgotassem os meios suasórios para rendição da guarda é que se deveria abrir fogo, e que não deveriua escapar nenhum daqueles indicados para a vingança.

O grupo, composto de 23 cangaceiros, incluindo o tenente Padilha, partindo da residencia da viúva, dirigiu-se a cadeia. Conforme instruções, Vicentão dirigiu-se ao comandante da Guarda dizendo que nada tinha contra a polícia e que se retirasse com seus soldados pois de outro modo, os atacaria.

O Cabo Cobrinha e a guarda:

O Cabo Antonio Pedro, apelidado Cabo cobrinha- comandante da guarda, falou a Vicentão que os cidadãos ali presos estavam sob sua proteção e garantia e que não os entregaria e somente com ele morto o grupo entraria na cadeia.

Vicentão teria argumentado que Cobrinha e os demais soldados eram moços de futuro, pais de família que precisavam criar suas famílias e que, portanto, abandonassem a prisão.

O cabo Cobrinha teria respondido que acima de tudo estavam cumprindo com seu dever e que portanto, os cangaceiros ali só entrariam se passassem por cima do seu cadáver.

Vicentão disparou o rifle contra o cabo cobrinha atingindo-o mortalmente, mas foi também atingido por um tiro certeiro do fuzil do cabo disparado antes de cair agonizante.

Postos fora de combate o comandante da guarda e o cabeça do bando, o tenente Padilha assumiu a direção do ataque. O tiroteio continua. Os soldados resistiam valentemente revidando as descargas que vinham de fora.

O MASSACRE:

O quarto onde se encontravam aqueles que aceitaram confiantemente as garantias oferecidas pelo delegado tinha uma janela muito alta, na parte traseira, para melhor arejamento do recinto. O carcereiro da cadeia José Rodrigues de Freitas (Dudé) forneceu uma escada aos malfeitores para que conseguissem alcançar a janela.

Os recolhidos estavam armados de pistola e revolveres que seus familiares haviam fornecido escondidos dentro de guardanapos nas bandejas de lanche e de refeição.

Um ex-soldado apelidado de Cuju, pela janela , foi o primeiro a alvejar cidadãos que estavam dentro do quarto, houve revide.

Vencidos os soldados que ofereciam resistencia, os sicários entraram na cadeia e iniciou-se a tentativa de derrubar a porta do quarto. Por alguns instantes os que estavam no interior, contiveram a invasão, mas por falta de munição a resist~encia se esgotou. A invasão aconteceu e iniciou-se a chacina.

Tiros a queima-roupa, apunhalamentos, esmagamento de crânios, sauqes, decepações de dedos para serem retirados os anéis etc.

Argemiro Miranda, logo que a porta cedeu , saltou no meio da sala onde apanhou uma arma abandonada e tentou vender caro sua vida ou sair dali, mas, ao chegar a porta da cadeia, foi atingido por uma descarga no peito.

Um filho, ainda criança que havia se aproximado da cadeia, ao ver o pai correu para ele, abraçando-o e ficando ao seu lado até a remoção do cadáver.


Luiz Gonzaga Jardim, um jovem que tinha ido ao recinto confortar o tio Manuel Jardim , foi miseravelmente e vagarosamente sangrado , aos gritos de mat-eme logo , pelo amor de Deus.

Consumada a hecatombe com a morte dos recolhidos , cinco praças, e sete ou oito cangaceiros, chegam a cadeia os três sobrinhos e o irmão do Coronel Júlio Brasileiro.

Antonio Rosa deu ordens para ficar uma guarda de cangaceiros na cadeia, mandou por em liberdade dois detentos um dos quais Zé de Nanquincha , que tinha do cárcere comum, ajudado no ataque e providenciou que os cangaceiros feridos fosse m transportados para a casa da viúvaa fim de receberem os primeiros curativos feitos por José Correia da Rocha.

Dirigiram-se a casa da viúva para dar conta da nefanda missão. Álvaro Viana disse a tia: "Pronto, tia, agora pode chorar a morte de tio Julio, pois já foi bem vingada". E dirigindo-se os quatro para a sala de jantar , juntamente com alguns cangaceiros, comeram beberam e dançaram.

Pouco tempo depois, chegou o trem , trazendo vinte e duas praças sob o comando do Capitão Teófanes Torres que se hospedou na residência do Tenente Meira Lima e os praças montaram guarda na frente da residência.


O Capitão Theofanes chamou Antonio Rosa e o atendeu debruçado em uma das janelas da casa. Conversou durante algum tempo com ele, ficou ciente dos fatos ocorridos e determinou que, durante a noite, mandasse retirar os cadávers da cadeia para a igreja, entregasse os corpos das vítimas as respectivas famílias, despitasse todos os cangaceiros remanescentes e que fizesse sair os feridos da casa da viúva brasileiro, pois no dia seguinte, iria proceder contra quem quer que fosse culpado.


No outro dia, em um dos corredores da igreja Matriz, estava estendidos, onze cadáveres. Soldados e cangaceiros que haviam sido transportados até ali numa carroça de lixo e foram conduzidos na mesma carroça até o cemitério onde foram enterrados em vala comum. 

Os outros, em número de sete, foram enterrados pelos seus familiares.

      O Inquérito:
O Inquérito foi instalado pelo Juiz de Direito da Comarca de Nazaré da Mata, José Ribeiro Pessoa, nomeado pelo Governado do Estado. participaram da Comissão o bacharel severino Tavares Pregana promotor de Palmares e João Raul Nunes de Melo, escrivão de polícia da Capital.

José Correia da Rocha morreu na Casa de Detenção do Recife, por ter feito, na casa da viúva brasileiro, os primeiros curativos em cangaceiros feridos;

Doca Viana, também morreu na casa de detenção do Recife, por ter trazido da fazenda do tio , quatro cangaceiros, embora ele mesmo, não tenha participado da chacina;

Álvaro Viana conseguiu provar sua inocência e foi posto em liberdade:

Antonio Rosa foi considerado culpado, mas, foragiu-se;


Joaqui Pai dÉgua e outros reles cangaceiros foram considerados culpados e foram parar na prisão.
Cuju, resistiu a prisão e foi morto nas proximidades de Itacatu, por uma descarga de fuzil;

Jorge Vaz, foi morto, sem se saber até hoje quem o matou;

Os outros, safaram-se todos;

BIBLIOGRAFIA:
CAVALCANTI, Alfredo Leite, História de Garanhuns, 2ª edição, biblioteca pernambucana de história municipal,18, Centro de Estudos de História Municipal, 1997, Recife-PE;
SANTOS, Mário Márcio de Almeida, Anatomia de uma tragédia: a hecatombe de Garanhuns-Recife, CEPE 1992.


Não modifiquei o texto em parte alguma 


3 comentários:

  1. Uma história surpreendente. Parece ficção. Pergunto-me se a concepção de vingança nas pessoas evoluiu para melhor ou pior, desde então.

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  2. Realmente essa historia é surpreendente... Infelizmente a concepção de vingança não mudou muito, principalmente na nossa região. (Na minha concepção)

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  3. O meu avô materno,José Correia Paes da Rocha, capitão da Guarda Nacional e amigo de Júlio Brasileiro, era farmacêutico além de plantador de café em Brejão, onde Júlio Brasileiro também era cafeicultor. Minha falecida mãe contava que quem acusou meu avô de ter participado da chacina foi o padre Benigno Lira, pois meus avô tinha respingos de sangue na sua roupa. Hoje Benigno Lira é nome de rua em Garanhuns. A injusta condenação do meu avô pelo hoje Tribunal de Justiça de Pernambuco foi a desgraça da família de meu avô, cujas filhas e filhos ficaram no desalento e tiveram suas terras em Brejão vendidas por preço vil. Meu avô, capitão José Correia Paes da Rocha morreu na casa de detenção, não chegando a cumprir a cruel pena de 30 anos. Foi vítima da famigerada gripe espanhola possivelmente no começo do ano de 1919. Já estive no Arquivo Público para pesquisar a ficha dos presos, mas atendido na Rua Imperial por funcionárias ineptas em 2007 não logrei êxito. Mas, espero voltar ao Arquivo Público para saber da data certa da morte de meu injustiçado avô.

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